Breve resumo |
Este programa foi desenvolvido em 3 fases, nomeadamente a avaliação das necessidades, o desenho e implementação do programa e a avaliação do programa.
Na fase da avaliação de necessidades foi avaliada uma amostra composta pelas últimas 100 crianças admitidas num Centro de Acolhimento Temporário da SCML, através dos instrumentos que permitem uma caracterização qualitativa e quantitativa das crianças. Esta avaliação, de modo geral, permitiu fazer uma descrição das crianças e respectivas famílias, e das suas necessidades em cinco áreas da vida: situação habitacional, relações familiares e sociais, comportamento social e anti-social, saúde física e psicológica, e educação e emprego. De um modo mais específico, permitiu identificar quatro grupos de crianças com necessidades distintas.
Na fase do desenho e implementação do programa, após a selecção de um grupo para intervenção foi desenvolvida “uma resposta social, desenvolvida em equipamento que consiste na prestação de um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção das crianças num ambiente semelhante a um meio sócio-familiar. Especificamente, considera-se que este novo serviço/programa desenvolve-se no sentido de responder a um grupo de oito crianças com idade à entrada inferior a seis meses e cujos problemas e necessidades específicas não estão a ser atendidas de forma satisfatória nos serviços tradicionais. Assim, constitui-se como um recurso para crianças, com medida de acolhimento decretada pelo Tribunal de Família e Menores ou pela CPCJ
Neste contexto foi ainda desenvolvido um Programa de Estimulação do Desenvolvimento (Calheiros, Santos, Ramos, & Gamito, 2009; Santos, Calheiros, Ramos, & Gamito, 2011), como programa de intervenção que procura promover condições que sejam facilitadoras do desenvolvimento global da criança através de uma intervenção planeada e centrada em interacções individualizadas e continuadas, com um adulto sensitivo e responsivo.
No que diz respeito à avaliação do programa foi realizada uma avaliação do impacto deste programa. Esta procurou analisar os produtos e efeitos obtidos com o programa, portanto, a sua eficácia.
Ao nível do design de avaliação, optou-se por um design quase-experimental, que permitiu comparar longitudinalmente três grupos, que representam três contextos de desenvolvimento distintos: 1) Grupo de intervenção, que representa o serviço de acolhimento criado no âmbito do PARQ; 2) Grupo de controlo, que representa o serviço de acolhimento temporário comum; e, 3) Grupo das famílias biológicas (FB), que representa um grupo de controlo, no qual as crianças vivem com as suas famílias. Deste modo, é possível comparar dois serviços de acolhimento temporário (um comum e um com características de intervenção específicas em relação à vivência em meio natural de vida, e, assim, aferir qual dos serviços responde melhor às necessidades das crianças como medida de acolhimento decretada pelo Tribunal de Família e Menores ou pela CPCJ. A amostra final corresponde a um conjunto de 102 crianças: 26 do grupo de inetrvenção, 45 do grupo controle1 e 31 do grupo controle2. Relativamente aos momentos de avaliação, neste design foi planeada uma avaliação longitudinal, que incluiu sete momentos de avaliação, de forma a garantir que as crianças eram avaliadas antes, durante e após a implementação do PARQ (aos 3, 6, 12, 18, 24, 30 e 36 meses). A avaliação incidiu em seis áreas gerais: avaliação inicial dos serviços, avaliação do desenvolvimento infantil, avaliação da vinculação, avaliação do contexto de desenvolvimento, avaliação da interacção cuidador-criança, e avaliação dos objectivos de resultado.
De modo geral, os resultados obtidos permitiram-nos concluir que o PARQ alcançou os dois objectivos principais estabelecidos inicialmente, i.e., diminuir o tempo de permanência em acolhimento institucional temporário, e promover condições facilitadoras do desenvolvimento global dos bebés. |
Impacto nacional |
A avaliação de necessidades deve ser considerada como uma parte integrante e prévia ao desenvolvimento de novos programas e serviços, pois apenas um serviço centrado nos indivíduos poderá responder de forma satisfatória aos seus problemas específicos.
O desenho de serviços deve partir de uma fundamentação teórica e empírica. Neste caso realçou que os bebés em situação de acolhimento institucional temporário devem usufruir de cuidados de qualidade, em instituições de base familiar, o mais cedo possível, e com a duração mínima necessária, estabelecendo assim algumas orientações para o desenho do serviço.
Note-se que o desenho deste serviço foi efectuado através de uma abordagem por processos, que reflecte os inputs, actividades, outputs e resultados planeados para o programa. Esta abordagem implica uma definição clara do programa e dos seus objectivos.
No que diz respeito à avaliação do programa começamos por salientar que esta é essencial para garantir o adequado funcionamento dos programas e serviços, determinando a sua relevância e as vantagens da sua generalização. |